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terça-feira, 27 de setembro de 2011

E todos os dias ela acordava e seguia a mesma rotina de sempre. Não aconteciam novidades e a solidão a atormentava. Amigos? Eram poucos que poderiam ser chamados de verdadeiros. E o pior era que desses poucos, nenhum a entendia. Ela se sentia como se estivesse apenas existindo ou que ao menos, estivesse apenas perambulando pela vida sem propósito. Lia e relia frases e poemas da Clarice Lispector, porém repetia bem baixinho dentro de si as de Caio Fernando de Abreu. Nem ela mesmo suportara tanta solidão. Sabia que ela poderia ou não colocar um ponto final naquilo com apenas um instrumento e um pulso dela mesma, contudo respirava e sonhava com a chegada da sua felicidade. Nada conseguia alegrá-la nem muito menos entristecê-la. Ela estava apenas divida entre a sociedade hipócrita e o conceito de suicídio. Parava para pensar na família, mas lembrava que às vezes, quase sempre, a mesma a julgava por quase tudo ou por quase nada. Parava para pensar em alguns amigos e notava que poucos a acompanhavam. Parava para pensar em seus sonhos e levou um tapa da realidade para acordar. Parava para pensar na vida e como já era de esperar-se, não encontrou motivos para ainda viver. Cafés e textos de autoria própria não mais a ajudavam. Noites e mais noites olhando para as estrelas não serviam para mais nada quando o coração estava em plena neblina sombria de alto de inverno. Lágrimas não mais eram derramadas a toa, até que ela percebeu que o a toa era todo o tempo. Sorrisos verdadeiros não haviam e aliás nem ela mesma reconhecera mais nem tampouco sabia diferenciar o falso do real. Seu olhar transmitia sua alma por meio de brilho intenso, como flash back, mas poucos eram aqueles que tinham o dom de poder enxergá-lo. Todos a viam como uma garota esquisita, fechada, que não mais ria tanto como antes e nem se arrumava tanto assim. Mas para que se arrumar se em casa a máscara caía e sua verdadeira solidão tomava conta dela?Para que? Disfarces já não mais serviam quando o assunto era ela mesma. Chegou um dia até ao ponto de achar que era incompreensível e a qualquer momento o destino viria e a levaria para um mundo pior do que o que ela estava vivendo. Na verdade, ainda está vivendo. Folhas e mais folhas de cadernos mais pareciam artes abstratas do que letras com sentido para estudo de prova. Alguns a olhavam com ar de desprezo, já outros com olhar de pena. E isso apenas a piorava. Não acreditava mais em sua face ou mesmo em sua fala. Achava que tudo aquilo que via ao refletir do espelho era mentira ou só um fruto de sua fértil imaginação. Ela queria apenas a verdade, ela queria mais realidade. Já estava cansada de imaginar e levar tapas da realidade para despertar. Já estava farta de tanta decepção e de tanto fingimento. De tanta superioridade infantil ou tanta felicidade impalpável. Ela queria apenas se incorporar no verbo viver do dicionário. Ela só queria amor e nada de quedas. Ela não queria escuro nem muito menos medo. Ela só queria ser boa o suficiente para ela mesma. ¢♥

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